O anúncio de abertura de Centros de Atendimento Clínico (CAC) e dotação de 65 milhões para o CAC do Porto, sem ser conhecida qualquer análise de benefícios merece ser discutidos.
Saiu esta semana mais um artigo sobre Políticas de Saúde em 2024, pela Patricia Barbosa e Pedro Barbosa, da Fundação para a Saúde - SNS no Jornal de Notícias.
“Assistimos a uma inversão da lógica. Em vez de se reforçar capacidade nos cuidados de saúde primários, protegemos os hospitais da incapacidade dos cuidados primários, agravando-a com um investimento de 65 milhões.”
1 – Organização de cuidados. Doença aguda não urgente e pouco urgente (pulseiras azuis e verdes) deve ser tratada em Cuidados Primários. Os CAC são extensões do hospital, logo levam os utentes para um circuito errado.
2 – Recursos humanos. Os CAC pretendem reduzir procura hospitalar. Sendo a bolsa de profissionais finita, obriga a desfalcar ainda mais os cuidados primários. Além disso, sendo uma extensão da urgência hospitalar, o valor/hora é superior ao valor pago pelo serviço permanente dos cuidados de saúde primários (SAP ou SASU), ocorrendo migração de recursos, até na mesma instituição.
3 – Economia da saúde. Em saúde a lei da "oferta induz a procura" é consensual. Uma via aberta no local errado, duplicando desnecessariamente serviços, terá impacto apenas na procura sem responder às necessidades não satisfeitas das pessoas.
4 – Recursos financeiros. Orçamento limitado obriga a escolhas. Se o CAC tiver financiamento como noticiado, de 45€/ utente, tendo em consideração uma produção semelhante da consulta aberta em USF, não faria mais sentido investir os cerca de 200€/hora nos cuidados primários?






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