Em 2024 foi desencadeado o “big bang” das unidades locais de saúde (ULS). Mas, na sua maioria, estas entidades são sub-regionais e muito pouco “locais”.
 
Saiu este fim de semana mais um artigo sobre Políticas de Saúde em 2024, pelo Vitor Ramos e Pedro Barbosa, da Fundação para a Saúde - SNS desta vez no Expresso.
 

 🚨 a fusão da administração de hospitais com a dos centros de saúde, não altera o essencial. Isto é, o acesso, a integração, a continuidade e a qualidade dos cuidados de saúde às pessoas.

👉 Existe também o risco de a cultura hospitalocêntrica e remediativa fragilizar a promoção da saúde, a prevenção e os cuidados de proximidade.
👉A questão de fundo não reside em argumentar virtudes ou defeitos no “modelo” ULS, mas em assegurar requisitos indispensáveis para o seu sucesso. Por exemplo:
 
1 - seleção exigente de dirigentes, orientada por critérios definidos a priori.
2 - desenvolvimento dos cuidados de saúde primários, enquanto linha da frente do SNS.
3 - desenvolver um dispositivo robusto de governação clínica e de saúde que enquadre, interligue e oriente todas as equipas, dos centros de saúde e dos hospitais.
4 - programas estruturados de formação e avaliação contínua de dirigentes, sejam eles conselhos de administração ou estruturas intermédias.
5 - desenvolver um novo modelo de governação em saúde.
 
👉A manterem-se os modelos atuais de organização e gestão dos serviços, e de prestação dos cuidados, é provável que nem triplicando os recursos humanos, financeiros e materiais se resolvam as crescentes necessidades de saúde não satisfeitas.
👉Mantém-se uma excessiva centralização, com fraca autonomia e responsabilidade a nível local.
👉Domina a burocracia, o distanciamento das realidades, e o financiamento inadequado, em quantidade e modo.
👉Uma ULS tem de virar-se para “fora de si” - para proteger e promover a saúde e bem-estar das pessoas e da população.
👉Tal requer um papel claro da Saúde Pública em cada ULS no planeamento de estratégias locais que orientem uma governação integrada em saúde, e um ambiente laboral capaz de gerar motivação e satisfação nos profissionais.
👉As equipas de saúde familiar e de cuidados na comunidade devem interligar-se, para além dos manuais de articulação, com as diferentes competências disponíveis como nutrição, psicologia, serviço social, fisioterapia entre outras.
👉Nos hospitais, é urgente uma reorganização interna, com definição de percursos assistenciais horizontais em vez da organização por especialidades médicas em silos verticais.
👉São necessários percursos assistenciais integrados entre os diferentes tipos de cuidados, incluindo os cuidados continuados e paliativos, promovendo a circulação simplificada, sem atrasos, perda de tempo e de informação.
👉Isto é, o foco essencial deve ser sempre o percurso de cada pessoa no sistema de saúde.